Depois de
um lobo trocado por uma anaconda e de
uma rã e boi inspirados na Califórnia, mais um post com alusão às histórias infantis. Desta feita, não há reescrita em versão pós-moderna. Há uma adenda aos contos de fadas.
1) O príncipe beijou Branca de Neve, quebrando o feitiço. Ao vê-lo, Branca de Neve apaixonou-se. Casaram-se
e viveram felizes para sempre...
2) O príncipe fez Cinderela experimentar o sapatinho que, para espanto de todos, lhe serviu. Casaram-se
e viveram felizes para sempre...
3) O príncipe chegou finalmente à torre e abriu a porta do quarto onde Bela Adormecida dormia; inclinou-se e beijou-a. Bela Adormecida acordou e sorriu-lhe. Casaram-se
e viveram felizes para sempre...
4) O príncipe teve a certeza de se tratar de um princesa, pois só uma princesa verdadeira teria a pele tão sensível para sentir uma ervilha sob 20 colchões. Casaram-se
e viveram felizes para sempre...
E viveram felizes para sempre... O que ninguém conta é que nessa vida eternamente feliz, príncipe e princesa tinham contas para pagar; que as crianças tiveram varicela, papeira e viroses várias; que o príncipe às vezes chegava cansado e mal-humorado dos seus afazeres de majestade; que a Branca de Neve/Cinderela/Bela Adormecida/Princesa Ervilha/etc. também tem dores de cabeça; que o príncipe uns anos depois do casamento tinha substancialmente menos cabelo e a Branca de Neve/Cinderela/Bela Adormecida/Princesa Ervilha/etc. uns quilos a mais... Ninguém conta isto. E, no entanto, esta era a parte mais interessante da história. Aquela em que nos explicariam que as vidas eternamente felizes são feitas disto mesmo. E que são, assim, aparentemente, iguais às vidas temporariamente felizes. E tão reais quanto estas.