domingo, setembro 25, 2011

Por Essa Estrada Vamos

Talvez tenha começado com as lojas da Catarina Portas, A Vida Portuguesa. Talvez, não sei. Mas, de há uns tempos para cá, acho que existe um culto da portugalidade. Os portugueses redescobriram o bigode e o galo de Barcelos; o fado e a loiça Bordalo Pinheiro; as tascas de petiscos e o Feno de Portugal. Com a sua estética retro, estes produtos fazem hoje parte do imaginário kitsch de uma juventude que gosta de passear no Chiado.
Não fui passear no Chiado, mas ofereceram-me bilhetes para o concerto dos Oquestrada no CCB* e eu aceitei. Conhecia-lhes a rua que se fosse deles era ladrilhada a rubis ou as dores guardadas em caixinhas. Adorei conhecer o resto.
Há neles uma portugalidade contemporânea, em que o fado se mistura com sons electrónicos e com uns toques de hip-hop. Canta-se em português e em crioulo e em francês com sotaque de bidonville, porque o país faz-se de migrantes, dos com "i" e dos com "e". Ouve-se uma guitarra portuguesa e um acordeão, misturados com um contra-bacia e uma cadeira-bateria.
Tal como diz a última música do CD, há qualquer coisa [neles] que me anima...


* Obrigada, Pedro.

sexta-feira, setembro 23, 2011

Em Desacordo com o Acordo #3

Eu fico muito afectada quando leio que algo me pode afetar.

segunda-feira, setembro 19, 2011

O Buraco e o Bicho da Madeira

No fim de Agosto, tive uns amigos a passar férias na Madeira; ficaram em minha casa. Durante a sua estadia, depararam-se com serradura no chão da sala: o meu rodapé tinha um buraco, feito por bicho da madeira! Claro que, nessa altura, ainda não sabíamos que, na Madeira, havia um buraco maior, que não foi causado pelo bicho da madeira...
O buraco da madeira parece ser assunto resolvido. Os meus amigos foram a uma loja de bricolage, compraram um produto para eliminar o bicho da madeira e pulverizaram o rodapé (falta colocar uma massa que tape o orifício, mas é tarefa fácil).
Já o buraco da Madeira parece ser de mais difícil resolução. E mais penosa também. A este respeito, tecerei algumas considerações.
A primeira das quais é a de que, não obstante ficar na placa africana, a Madeira não é um caso comparável ao das outras colónias desse continente. Aliás, eu nem lhe chamaria colónia, já que os únicos habitantes do arquipélago antes da chegada dos portugueses eram a floresta laurissilva (e, possivelmente, algumas lagartixas, baratas e centopeias, que parecem ser endémicas). Ou seja, embora digam "semilha" em vez de "batata", os madeirenses não são um povo distinto do português; na verdade, descendem de minhotos e algarvios (com algum sangue negro e berbere à mistura, mas minoritário).
Em face disso, a autonomia da região - e, consequentemente, das suas finanças - sempre me pareceu estranha. São para mim um mistério as razões históricas e económicas que lhe subjazem. E, desde há muito, que argumento que a discussão se deveria fazer a este nível. Mas isso sou eu, que gosta de abordar os assuntos em função de princípios e não de consequências práticas.
As consequências práticas levam-me a mais umas observações. Não há dúvida que há muita obra feita na Madeira. Com pouco mais de 740 Km2, o relevo da ilha aumentava as distâncias; a construção de estradas e túneis veio facilitar enormemente os acessos e, dessa forma, melhorar a vida das populações. Foram construídas escolas nos vários concelhos, muito bem equipadas, por sinal. O aeroporto foi aumentado, para promover um sector de importância estratégia no arquipélago, o turismo. Pensando bem, no continente seguiu-se a mesma estratégia: lançaram-se concursos para auto-estradas, remodelaram-se escolas, quis-se construir um novo aeroporto e uma linha de TGV... O que, provavelmente, explica como é que chegámos a este estado. Sem estar em casa, eu não podia ter descoberto o buraco da madeira. Já o buraco da Madeira não interessava revelar porque a administração central estava a fazer exactamente o mesmo. Até as técnicas de desorçamentação, que passam pela criação de institutos, fundações e empresas paralelos ao Estado, foram adoptadas. Alberto João Jardim diz que ter ocultado as contas foi acção em legítima defesa. Sócrates achava que desmentir as dificuldades do país era ser patriota.
Se isto fosse um jogo de raciocínio verbal, dir-se-ia que a Madeira está para Portugal como Portugal está para a União Europeia. E, num e noutro caso, há que discutir o que está mal de raiz: a lei das finanças regionais e a inexistência de federalismo fiscal. E, num e noutro caso, a autonomia não pode ser só para umas coisas. E, num e noutro caso, houve comportamentos irresponsáveis (para ser eufemística). Estamos infestados pelo bicho da madeira!

Em Desacordo com o Acordo #2

Eu não vou adoptar a palavra adoção.

domingo, setembro 18, 2011

Boletim Meteorológico #12

No chão, já se vêem folhas das árvores. Muitas.

terça-feira, setembro 06, 2011

Em Desacordo com o Acordo #1

Está errado escrever correto.